Vamos começar tornando as coisas claras: Kristen Stewart, com 24 anos de idade e um crédito de 33 filmes nos últimos 15 anos, não está deixando Hollywood.
Mas Stewart vem conquistando seu próprio plano de carreira após se formar na Saga Crepúsculo, focando em filmes menores e independentes como Camp X-Ray, Acima das Nuvens e, o mais recente, Still Alice, onde ela interpreta Lydia, uma filha que deve cuidar de sua mãe com Alzheimer – interpretada pela ganhadora do Golden Globe e indicada ao Oscar, Julianne Moore.
Stewart, entretanto, quer manter as coisas imprevisíveis e está sempre disposta a dar uma chance. Como, talvez, um blockbuster da Marvel ou um filme da DC. “Eu amo assistir esses filmes,” ela conta para o Yahoo Movies. “Eu adoraria mostrar para as pessoas que eu posso fazer mais do que apenas ser a ‘Kristen Stewart’ em um filme diferente, em uma circunstância diferente.” Ela observa que seu papel passado como Branca de Neve no filme de fantasia e aventura de grande orçamento ‘Branca de Neve e o Caçador‘ poderia ser um pulo para um papel de super-heroína. “Eu tenho certeza de que eu conseguiria ir a bordo com o Capitão América, entende o que eu digo? Só teria que ser a coisa certa.”
Em uma conversa ampla, Stewart também discute sua profunda admiração por Moore (“Ela é um gênio.”) e um momento em Still Alice que a faz estremecer (“Eu pareço ridícula.”); explica por que sua co-star em Clouds, Juliette Binoche, deixava ela louca; e oferece mais detalhes sobre suas aspirações como diretora (“Eu quero começar do fundo.”)
O que te levou para Still Alice?
Eu conheço Julie (Julianne Moore) por alguns anos. Sem insistir na queixa muito comum de que não existem muitos papéis bons para garotas, quando um é bom e inegavelmente real, ele se destaca como uma pedra de sílex. Você não pode parar de pensar “Oh Deus, espero que eu não quebre meu rosto para poder interpretar esse papel, porque estou chocada com isso.”
Eu sabia que ela estava indo para arrasar e era importante. Eu cresci pensando que Alzheimer era uma doença de idosos também. A maioria das pessoas pensam. Eu só queria ter certeza de que ela iria ter suporte. Eu faria qualquer coisa. E isso é mais ou menos o que Lydia está fazendo.
Então foi Julianne Moore que sinalizou o papel para você inicialmente?
Ela foi uma parte muito importante na orquestra de tudo isso.
Você interpreta uma atriz aspirante no filme. Você leu todas as peças que sua personagem se refere?
Não, mas eu fui no Lincoln Center e eu assisti – porque eu tenho que fazer uma cena de Three Sisters e eu não li muito Chekhov. Eu estava tipo “Eu não sei o que estou fazendo. Nunca estive em um palco em toda minha vida.” Então sim, eu assisti e fiz o melhor que pude. Curiosamente, essa foi a parte mais assustadora porque era um certo trecho… Mesmo que eu tivesse visto o filme algumas vezes… Oh Deus, tudo está indo tão bem, você está tão dentro disso, está tão com eles e então de repente estou em um palco, eu pareço ridícula. Eu ainda não consigo pensar sobre isso.
Desde que você completou a Saga Crepúsculo, você apareceu em uma série de filmes independentes, e olhando para a sua filmografia e vendo o que está por vir, isso não irá mudar em breve. Você está se afastando dos filmes de grande orçamento de propósito?
Toda vez que leio alguma coisa e estou disposta a assinar meu nome nas linhas pontilhadas, prometendo que irei completar esse papel e não destruí-lo, matá-lo em uma página – eu sou realmente como uma pessoa louca, eu tenho que sentir que essa coisa e é real e se não for, eu vou destruí-la.
Eu me senti desse jeito com Crepúsculo. Me senti desse jeito com Branca de Neve. Eu nunca esperei que Crepúsculo fosse virar uma saga, e nós nem sabíamos que iríamos fazer uma sequência. Então eu adoraria que outro filme grande viesse. Definitivamente não é algo que estou evitando. Eu tinha 17 anos quando comecei a Saga Crepúsculo. Eu estava muito animada em fazer um filme adolescente. Tudo que eu tinha feito era um pouco pesado e eu estava gostando. Eu estava encantada com ele e isso é o que eu preciso. Eu quero fazer filmes grandes. Você pode brincar com mais coisas e há tanto mais à sua disposição. Você consegue fazer isso em uma escala mais larga, você consegue se conectar com mais pessoas. Eu sou apenas sobre isso. Só quero fazer pelas razões certas.
Deve ser legal que esses filmes menores que você tem feito ultimamente, na maioria das vezes, estão sendo recebidos calorosamente. Como isso faz você se sentir?
Tão animada. Estou tão feliz. Eu fiz muitos filmes indies desde que era mais nova e alguns deles não foram lançados por anos. É estranho porque você ainda os ama. Eu não amo tudo o que fiz em uma forma de auto-congratulação. É literalmente só você fazer algo com as pessoas e o resultado é algo que vai te fazer ficar “Cara, nós fizemos uma coisa que vale a pena.” É realmente bom quando você não está sozinho naquilo e quando você tem mais do que apenas um punhado de pessoas que o fizeram se sentir assim. Deus, nós apenas dedicamos toda nossa vida. Se torna essa obsessão e você se sente louca se as pessoas não concordam. Você fica “Espera, como? Mas eu coloquei tudo o que tinha nisso, como você não consegue sentir?”
Quais são seus pensamentos sobre o burburinho do Oscar ao redor da personagem de Julianne Moore?
Eu estou tão orgulhosa dela. Eu estou lá, onde quer que ela precise de mim, tanto faz, em qualquer lugar que ela quer que eu vá. É engraçado porque ela já entregou perfomance atrás de perfomance que ela poderia ter vencido… Ela é um gênio. Eu realmente espero que ela seja reconhecida por isso porque já está na hora.
O que você aprendeu com ela?
Eu me sinto bem ao redor dela. Eu me sinto confiante. Consigo uma afirmação dela e isso me dá forças. Eu aprendo tanto, é apenas difícil de apontar. Ela nunca sentou e despejou conselhos em mim. Ela não faria isso. Mas apenas estar ao redor dela – confirmou algo para mim em um nível técnico.
Eu trabalhei com Juliette [Binoche em Clouds of Sils Maria] e eu soube que ela alcançou essa grandeza por um meio que eu não conhecia. E ela me deixa perplexa e me deixa louca. Ela é o tipo de atriz que faz muita preparação emocional e trabalha com bases, e então quando ela chega lá, ela não quer saber onde a câmera está. Ela é esse tipo de pessoa. Não é Juliette. Ela não consegue pensar nisso desse jeito.
Ela aborda isso tão diferentemente, enquanto eu trabalhava com Julie (Julianne Moore) – ela é uma técnica, uma cirurgiã de almas. Ela pode lidar com essa preparação técnica e ela é inteligente. Sua mente é tão vasta que ela pode realizar várias tarefas de um jeito tão insano que ela pode colaborar com o D.P (diretor de fotografia), o diretor, cada outro ator, trabalhar no roteiros, fazer todo o trabalho técnico, e então consegue chegar lá e transcender e reunir tudo e não se desligar de nada.
Nós nunca paramos de falar uma com a outra… Nós nunca deixamos a outra sozinha. E eu realmente me sinto muito, muito bem ao trabalhar com alguém tão ótima e talentosa, que teve a mesma abordagem que eu, porque normalmente eu sou tipo “Oh cara, eu não posso sair sozinha… Eu quero saber onde a porra da câmera está!” E eu finalmente conheci alguém que era como eu, também.
Eu não me senti sozinha com ela. Odeio me sentir sozinha com outros atores quando você está do outro lado da sala fazendo seu trabalho. Podemos fazer isso juntos?
Você disse que quer dirigir algum dia. Esse dia está chegando?
Eu escrevi dois curtas que estou patrocinando agora. Eu apenas preciso puxar o gatilho neles. Eu quero começar realmente pequena. Quando eu era criança, eu falava “Eu vou ser a primeira diretora com menos de 18 anos.” Eu queria tudo imediatamente. Quanto mais velha eu fico e quanto mais eu trabalho, eu percebo que eu quero fazer isso do jeito certo, que quero começar do fundo. Eu definitivamente não quero pular por causa das grandiosidades e ambições, eu quero ser alguma coisa. Eu não quero ser alguma coisa, eu quero fazer alguma coisa e eu quero fazer isso do jeito certo. Então, sim, espero que eu esteja em algum estranho pequeno festival com um curta em breve.
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