Kristen Stewart tem feito parte das manchetes desde que ganhou fama como Bella Swan em Twilight em 2008. O filme, baseado na saga de Stephenie Meyer, causou uma franquia de popularidade massiva, arrecadando mais de 3.3 bilhões de dólares e lançando Stewart para o mega estrelato. A jovem estrela esteve presente em apenas toda lista das pessoas mais ricas desde 2010 com ganhos entre 30 e 40 milhões de dólares, e a atriz de 25 anos já possui mais prêmios em sua estante do que a maioria dos atores terá em toda sua carreira. Mas, apesar de performances elogiadas pelos críticos como em Still Alice e Clouds of Sils Maria, e supostamente estrelar como amante de Chloe Sevigny em um iminente filme sobre Lizzie Borden, não é o trabalho de Stewart que está criando as manchetes antes mencionadas, mas sim, sua vida pessoal.
Claro, alguns irão argumentar que a invasão de privacidade é o preço para o sucesso que a atriz e seus amigos aproveitam, mas o escrutínio intenso da mídia com Stewart parece desproporcional até por esses padrões e, apesar de recusar participar do jogo dos tablóides, eles continuam pedindo para ela jogar.
Esse escrutínio ficou muito pior no ano passado, quando em uma entrevista com o Sunday Mirror, a mãe de K-Stew, Jules, supostamente contou para Sharon Feinstein que sua filha estava namorando a produtora de efeitos visuais, Alicia Cargile, que logo mais negou ter dito tal coisa, explodindo a internet no processo. Muitos questionaram se Jules tirou sua filha do armário, fazendo Kristen deixar claro mais tarde que ela não poderia sair se ela nunca esteve dentro, dizendo para a revista Nylon que sua sexualidade e relacionamento não era segredo.
“Pesquise no Google, não estou escondendo,” ela disse, mandando ondas de choque para os fofoqueiros e para o mundo.
Esse deveria ter sido o final do problema, mas a admissão de Kristen de que ela não era 100% hétero apenas adicionou mais lenha na fogueira, e os tablóides continuam a apresentar fontes “próximas do casal” para especular furiosamente sobre seu status de relacionamento e se Kristen “irá voltar para os homens” – por causa de misoginia e bifobia. “É como se eu estivesse envolvida em um quadrinho semanal,” ela contou para a Nylon. É exaustivo para um espectador, imagine para a pessoa sujeita a todos os rumores e fofocas. Não é de admirar que ela não está em nenhuma mídia social.
Então, com isso em mente, nós pensamos que seria bom focar na coisa principal que todos deveriam estar falando – sua atuação.
Equals se baseia em uma noção muito interessante de uma sociedade que conseguiu eliminar as emoções. Como você aborda um filme assim quando você deverá trabalhar contra o seu próprio talento e natureza como uma atriz que porta emoções?
Foi assustador de muitos jeitos. Nicholas [Hoult] e eu passamos muito tempo apenas conversando um com o outro e não mostrando nenhuma emoção visível. Nós estamos interpretando pessoas que são atraídas uma pela outra e se apaixonam mesmo que esse comportamento seja considerado proibido.
Sua personagem, Nia, é a que está mais “ligada”, como é conhecido na sociedade futura…
Nia é a única que pode acessar suas emoções o tempo todo, mesmo que ela não seja permitida mostrar essas emoções. Então isso significou que eu tive que me colocar nessa posição de ter esses sentimentos mas, de algum jeito, contê-los e não deixar transparecer o que está acontecendo dentro dela. Na minha própria experiência neste negócio, esse é geralmente um papel que eu tenho que interpretar, onde você precisa se apresentar de um certo jeito apesar de estar tendo um dia terrível ou passando por problemas em sua vida. Nós todos podemos entender esse tipo de situação porque todos os dias você está com um rosto falso simplesmente porque não seria socialmente aceitável revelar o que você está sentindo.
Você está conquistando um caminho diferente na indústria desde que Twilight chegou a um fim.
Eu preciso escolher filmes baseados no que meus instintos me dizem ao invés de me aproximar das coisas taticamente. Eu fiz a decisão consciente de evitar blockbusters e escolher projetos menores que podem trazer menos atenção e não serem muito comerciais, mas irão me satisfazer artisticamente. Meu único plano real é fazer um trabalho interessante que espero que me ajude a evoluir como ser humano e que me leve a fazer coisas melhores mais para a frente.
Você gosta de correr contra a corrente quando você trabalha em filmes como Camp X-Ray, Sils Maria ou em algo como Equals?
Eu definitivamente tenho um lado rebelde! [Risos] Eu gosto de poder fazer minhas coisas do meu jeito e poder construir minha própria identidade sem me preocupar muito sobre o que os outros esperam que você faça. Quando falo do meu trabalho, eu não vou fazer nenhum filme onde eu não esteja completamente comprometida com a história e com o personagem que estou interpretando. Eu preciso estar completamente investida emocionalmente em cada projeto e esse é o único jeito que eu posso trabalhar.
Não tem sido fácil para você lidar com toda a atenção que você recebeu no começo da sua carreira quando você ainda era muito jovem. Você ainda é tímida quando se trata de ser o centro das atenções?
Eu sempre fui tímida. Eu ainda sou daquele jeito até hoje, mesmo depois de estar nessa indústria por toda minha vida e crescer sabendo tudo sobre os filmes. A atuação sempre foi um modo de escapar do mundo real e me permitia esquecer quem eu era e qualquer coisa que eu estivesse ansiosa para fazer com a minha vida. Eu originalmente queria escrever e talvez trabalhar como diretora, mas então a atuação tomou conta e isso se tornou meu foco principal. Eu ainda amo atuar, talvez até mais agora que estou fazendo o tipo de trabalho que eu quero fazer.
Você trabalhou com várias atrizes extraordinárias. Qual delas influenciou ou te inspirou?
Eu aprendi muito trabalhando com profissionais incrivelmente talentosas. Em Sils Maria, eu estava fascinada sobre o quanto Juliette [Binoche] pesquisou em sua preparação. Ela está constantemente lendo o roteiro, discutindo suas cenas com você ou com o diretor, e se aprofundando o quanto pode em seu trabalho. Quando eu estava trabalhando com Julianne Moore, eu percebi que ela fez uma outra abordagem e estava mais focada nas emoções de sua personagem e sendo mais introspectiva e confiando mais em seus instintos. Eu gosto de poder achar um meio termo entre esses dois jeitos de trabalhar para que eu possa superar todas as coisas pessoais que me bloqueiam e encontrar a alma e a essência do meu personagem e tentar ser bem rigorosa enquanto ainda sigo confiando o quanto posso no meu próprio instinto e espontaneidade.
O que a atuação faz por você? É terapêutico? Catártico?
Eu vejo isso como um meio de olhar mais profundamente para sua própria psicologia quando você está tentando entender o que faz os seus personagens se comportarem do jeito que eles se comportam e quem eles são. É um processo que me ajuda a aprender mais sobre mim mesma, apesar de achar que viver todos os dias e estar com outras pessoas me ajuda a fazer isso, também. Eu gosto de acreditar que estou vivendo do modo mais honesto e autêntico possível.
Você se sente confortável com quem você é nos dias de hoje?
Eu estou muito mais feliz e estou me sentindo muito bem. Eu sinto que posso ser eu mesma e não me permitir ser desviada por outras considerações ou conselhos de outras pessoas. No começo da minha carreira, muitas pessoas estavam me dizendo o que eu deveria estar fazendo e foi difícil para mim lidar com isso. Foi muito confuso para mim porque eu sempre fui o tipo de pessoa que gosta de fazer o que quer. Mas quando sua carreira atinge um certo nível, há muitas responsabilidades que vem com isso e algumas vezes você sente que sua vida não é mais sua. É por isso que eu decidi mudar muitas coisas sobre como eu trabalho e tento ser fiel a mim mesma.
Você atingiu esse ponto agora?
É importante entender o mais rápido possível o que você quer na vida. Algumas pessoas nunca descobrem isso, mas eu acho que eu tenho sido capaz de dar sentido ao que eu quero conquistar e como eu quero viver. O mais importante é ser feliz.
Equals chega aos cinemas do Reino Unido em dezembro.
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